De costas para o rio...

Quero questionar-me, questionando-vos. Adoro a Paz real, aquela que brota sorrisos... Quero cantar sentimentos, desafiar os olhares do coração... Quero contar consigo, na parceria desta viagem... Por isso não quero ir para o mar, quero procurar as razões que dão amor... e, dele fazer um canto louco de alegria...

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Localização: Barreiro, Setubal, Portugal

sou alguém que é feliz...

quarta-feira, setembro 28, 2005

Manga Verde

Todos os que, tiveram contactos com mangueiras, sabem que a manga verde, pode até ser apreciada, com sal e até, com piripiri, numa confecção indiana, que se chama "achar de manga". Todavia, simples até é ácida e amarga, por vezes. Intragável, quase... Esta história verídica, (aia,ai a autobiografia...), começa num balcão dum banco, numa operação bancária tão simples. Uma senhora, já avó como eu, em substituição duma colega em férias, (coincidência...), atendeu-me e olhou-me fixamente, deixando transparecer, sem nada me dizer, que me conhecia... Eu, por mim, apenas me parecia que conhecia aquela cara de qualquer lado... Quando a senhora teve de analisar o meu BI, olhou-me, agora, segura do que iria dizer exclamou: " A manga era bonita e saborosa?" Como um raio, à velocidade da luz, na minha memória uma velha história apareceu, bem clara. Retorqui de imediato: " Linda, rosada, grande, docíssima... " Sorriu, conversámos... trocámos informações, mostrámos fotos dos netos... mas a história não termina aqui. Tinha mentido, e eu não estava a gostar disso. A manga tinha sido por mim arremessada, por raiva... Neste "poema" vos conto o resto. Pedi-lhe desculpa ao telefone, e li-lhe o poema. Cairam-lhe lágrimas mas ficou feliz. Partilho esta memória convosco, aqui, onde me fotografo, para me conhecerem...

Manga verde

Depois das aulas te mirava,
debaixo daquela mangueira frondosa,
teus cabelos soltos ao vento,
da côr da terra aqueles caracóis,
Era a entrada do paraíso,
do sítio das brincadeiras,
depois dos deveres da escola.
Eu acelerava a cópia, as contas,
e tudo o mais, para te esperar,
ali, naquele lugar, só nosso...
De caracóis ou de tranças,
com laços côr de mel,
os nossos olhos tanto falaram,
tanta jura fizeram, naquele lugar.
E, daquela flôr da mangueira,
tão prenha de tantas mangas,
escolhemos a maior como nossa,
aquela que comeríamos juntos,
o nosso sêlo da jura de amor!
Todos os dias a olhávamos,
à espera que crescesse,
para o dia da consagração!
Quis a vida que abalasses,
mais a família, para outro lugar,
bem distante daquele sítio lindo...
Zangado com o nosso destino,
arranquei a manga verde,
daquela flôr por nós escolhida.
.............................................................
Já Avó, perguntaste-me,
com os olhinhos inquietos,
se a manga tinha sido rosada,
se tinha sido bem gostosa?
Menti, disse-te que sim,
mas ainda sinto forte nostalgia:
oh manga verde, manga verde,
porque não amadureceste para mim?

Ricky 30.03.2005

9 Comments:

Blogger Isabel Filipe said...

Oi Ricky...

Um belo texto... uma belo poema...(já to tinha dito antes...rsss...)...

mas.... que saudades tenho eu das mangas verdes com sal... e tb por vezes com piri-piri....
há quantos... e quantos anos não as como... mas o gosto... não me esqueci... faz-me vir àgua à boca...

beijinho de bom dia

10:31 da manhã  
Blogger naoseiquenome usar said...

Sim, que saudades das mangas verdes, do espaço sem fim, das bebedeiras de caju, das maçanicas.... aiiii

3:55 da tarde  
Blogger vero said...

oi Ricky...bonito texto! ;)
Jinhos***

6:33 da tarde  
Blogger mar revolto said...

Olá Ricky, que bom ter-te de volta, sp que vou ao espaço da Isabel Filipe clico sp no teu nome, mas levava-me sp para uma página inexistente...finalmente cliquei no meu espaço e vim cá ter. Espero que seja para durar, pq quem escreve com a alma com que tu escreves, só nos pode enriquecer.
Beijo e sê benvindo

9:04 da tarde  
Blogger Português desiludido said...

Caro Ricky! Sei que tens muito para partilhar com outros blogs! Eu cá virei ver o que tens para nos dar!
1 grande Abraço
Pedro

9:38 da tarde  
Blogger Nina said...

Adoro mangas...ainda tenho o sabor delas de moçambique..acho k as k compro aki n têm o mesmo sabor :)

Beijinhoo

9:43 da tarde  
Blogger Astri* said...

Olá Ricky..:P

ihhh.. mangas é bim bom :D
Adorei o poema, está simples honesto e sensivel. Gosto de poesia assim.

Queria agradecer-te o teu comment no meu blog, e também agradecia que passasses lá mais umas vezes e tal, :)..

beijinho no coração ***

11:10 da tarde  
Blogger Henrique Santos said...

Meus caríssim(a)os amig(a)os,
Obrigada pelos vossos comentários de facto tão agradáveis que eu prometo... não vos desiludir...
Obrigada, Ricky

11:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

os nós da vida desfazem-se e re-cruzan-se quando menos se espera….isso sim e’ o que nos da’ o “sabor” da grandeza e imprevisibilidade da vida.

12:17 da tarde  

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