De costas para o rio...

Quero questionar-me, questionando-vos. Adoro a Paz real, aquela que brota sorrisos... Quero cantar sentimentos, desafiar os olhares do coração... Quero contar consigo, na parceria desta viagem... Por isso não quero ir para o mar, quero procurar as razões que dão amor... e, dele fazer um canto louco de alegria...

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Localização: Barreiro, Setubal, Portugal

sou alguém que é feliz...

domingo, setembro 24, 2006

Pingos de saudades... I

Pingos de saudades I


Tenho lembranças do teu colo mãe. Oiço a tua voz ralhando, pelas traquinices que fazia alegremente, no quintal junto às mangueiras. Onde me sentia um “tarzan” de trazer por casa, subindo e descendo daquelas frondosas ramadas. Em tempo de manga madura, ai, ai, as camisas que eu sujava… e, eu lá ouvia “-Vai já p’rá banheira que eu nem te quero ver assim… O teu pai está a chegar, e se ele te vê é bem pior… livra-te de não comeres a sopa… Hoje oiço a minha filha ralhar duma forma tão diferente: “ – Larga o computador, olha a vista, os mails p’rá Floribela acabaram por hoje… E “Morangos com açúcar” também não!!! Pois, minha Mãe, como era bom brincar no quintal, com a “Matilde” (uma cadela extraordinária) sempre por perto a tomar conta de mim. Era o ar puro, o exercício que hoje não vislumbro nos meus netos…
Tenho saudades de fazer a minha “poupa” à Elvis, vestir as calças pretas apertadas, de gola levantada e pedir-te Mãe, dez escudos para a matinée e pró geladito, ou chocoleite da cooperativa, e ir ao encontro da malta… Com a namoradita disfarçada, porque os pais poderiam estar por perto… Hoje o cinema é em casa, e os filmes que nós não podíamos ver e tinham cortes, hoje dão na televisão à hora do lanche… Oh Mãe que saudades tenho dos teus conselhos… “As meninas são para se respeitar, elas são mais preciosas que tu possas agora imaginar… Um dia, perceberás melhor…” Oh Mãe como te percebo… agora tudo se perdeu, a bem duma libertação não sei de quê… se calhar sou eu que já não alcanço as razões…
Ainda me lembro dos bailes em minha casa, nos aniversários e, quando calhava, os assaltos de Carnaval, por exemplo. Do teu cuidado no meu vestir, do teu cuidado no meu comportamento, ah pois, no respeito às meninas, no regressar cêdo… Hoje, não há hora de regresso, e nas discotecas não há coca-colas como as nossas… há outras coisas piores, que eu até nem quero saber os nomes… Os meus netos, como vai ser? A gente até educa, e lá fora se “desinduca” com mais força!
Recordo-me quando partia p’ró liceu, as tuas recomendações mãe, sempre as mesmas “Tens tudo arrumado? Tens treino? Não te aleijes… vê como falas para os teus professores… eu que saiba… A minha mãe nesta educação matriarcal, era também a extensão do meu pai, que só falava em crise absoluta, ou bastava até um olhar… Hoje leio que há professores que são espancados pelos alunos, que são insultados que…
Ah, quando eu namorava com alguma viabilidade futura os teus conselhos redobravam…” Filho, olha que algumas coisas só se fazem depois de casar…” Ai Mãe, hoje desmaiavas… isso já se faz aos treze anos em média, em Portugal, acreditando na estatística…
Quando te via pegar nos teus netos, com aquela sapiência de mãe feita avó, o amor que derramavas em cada gesto, me tranformo, e vou em frente, afinal há algo que não mudou, eu te repito.
Neste dia especial queme apeteceu recordar-te, minha Mãe, vejo-me impotente para dizer o quanto queria, mas sei que quando partiste, sofrida, quando encetaste a viagem para Ele, deixaste a semente dum amor que nunca esquecerei, e que os meus netos sentirão e também, como os seus pais, não esquecerão.
Um beijão Mãe.


5 Comments:

Blogger Luisa Hingá said...

Já me comoveste menino. Tenho tantas, mas tantas saudades da minha querida mãe e do meu querido pai.
Um abraço

2:10 da tarde  
Blogger Leonor said...

ola riky.
que bom é ver-te lá nos comentarios do meu sitio.
linda homenagem á mãe, principalmente pelas palavras sensiveis que escolheste para o fazer.

abraço da leonoreta

4:20 da tarde  
Blogger Henrique Santos said...

Julgava eu que:
Parece que agora não estou interdito aos blogues.Matei saudades e voltarei, desde que o ACTIVEX o deixe... tive de deixar os blogues porque o PC caía... parcialmente acho que está resolvido, veremos, porque quando entrei lá estava o aviso a pedir o ACTIVEX ... mas disse sim e ele não caíu...

Só que agora VOLTOU e tantos amigos e blogues que eu gostava de visitar e NÃO POSSO, pelo menos avisem a estes amigos entre tantos:
IO,nokinhas,Era uma vez um Girassol, Carlos Gil, vero ,Lumife, Betty Branco Martins, adesenhar, Manel do Montado,palavras que escrevo, Bel, Menina_marota, Pecaaas, neith, Mikas, Luna,Zica Cabral,alfazema, MegMarques, Nova Evangelização, noite, mar... e sem ferir susceptilidades mais tantoas amigas e amigos...
Obrigado e se alguém me puder ajudar agradeço,
Ricky
ps. vou pôr o sheltox outra vez a vêr se sossega mais e me deixa ir aos vossoa blogues sem aparecer o tal aviso a rebordadoa azul ACTIVEX para eu o accionar, faço-o e ele de seguida dá-me a escolher DEBUG ou OUT...
Ricky

4:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Comovente, intenso e lindo o que escreveste! A saudade das Maes que já partiram. Tanto carinho, tanta saudade de um tempo diferente e excelente, mas que não volta mais. Pelas transformações "modernas" muito queriamos voltasse aos nossos anos onde tudo de fazia de uma forma sã e respeitosa.
Uma foto linda que retrata bem os tempos maravilhosos que passaram. A Kiki no seu melhor, a Zelia, a Graciete, A Mae Fernada e o Pai Moreira...que saudade! Beijo por este pedaço tão grandioso e sentido.Ana

7:07 da tarde  
Blogger Leonor C.. said...

Lindo! Também me recordo do tempo em que a minha mãe me fazia as suas recomendações diárias. Hoje fasço-as ao meu filho e percebo-a melhor.

Um abraço

Leonor

9:04 da tarde  

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