De costas para o rio...

Quero questionar-me, questionando-vos. Adoro a Paz real, aquela que brota sorrisos... Quero cantar sentimentos, desafiar os olhares do coração... Quero contar consigo, na parceria desta viagem... Por isso não quero ir para o mar, quero procurar as razões que dão amor... e, dele fazer um canto louco de alegria...

Nome:
Localização: Barreiro, Setubal, Portugal

sou alguém que é feliz...

quinta-feira, maio 25, 2006

Miscelânea Tropical












Miscelânea Tropical
Falamos tanto da nossa terra que às vezes ponho-me a pensar em coisas como esta:
O que vos impressionou mais naquelas benditas terras? O nascer ou, no final do dia, o pôr do sol?
Eu mesmo nas minhas escritas, no meu livro tenho as minhas ligeiras preferências. E as vossas?
Vejam só como os descrevi então:

Nascer do sol

Ao raiar do dia, eis que o espectáculo se adensa, como que as cortinas do mega teatro se abrem e o Criador apresenta a sua gloriosa criação africana, uma fauna diversa, linda e colorida. Entram em cena os pequenos cantores, de penachos coloridos, entoando as melodias da aurora, a alegria da celebração da sobrevivência, um novo dia a ser acrescentado às suas vidas, que a cadeia alimentar funciona também, diàriamente e é implacável nas suas regras. O crescendo do espectáculo, enche-nos de vida, e a admiração da beleza daqueles raios de sol, a desbravarem a noite, rasgando-lhe as entranhas num bailado sempre repetido, para no grande final, surgir por sobre as copas das árvores, trazendo luz e calôr, como só áfrica tem e dá generosamente. Este mega espectáculo, que se repete em tons sempre diferentes, com os efeitos do cacimbo, por vezes, a tentar impedir a invasão do sol ràpidamente, prolongando o tempo de manobra, dos predadores da escuridão, é realmente único e majestoso. D’áfrica tenho esses registos dos “nascer do sol” que me fascinaram sempre, até mais que o pôr do sol. Talvez porque a “música” seja outra, a alegria de viver, da sobrevivência Os cantores protagonistas primeiros dessa rara alegria da manhã, as aves, no seu incessante clamôr num hino à vida e à liberdade, executam com maestria, nota a nota, dia após dia, a sonata mais linda que conheço.


Pôr do sol

O susto que apanhei, pelo inesperado, fez-me olhar para o poente, onde se formava um pôr do sol, daqueles que fazem parte, do mistério de áfrica. É que à medida que a luz do sol vai diminuindo, o espectáculo dos raios de sol desmaiados, é acompanhado por sons cada vez mais marcantes. É a vida nocturna que reaparece no seu ciclo diário, e é a despedida do dia, generoso no calôr e na luz. É o acautelar dos perigos da caça leonina. Nesta áfrica misteriosa, esta fronteira dia-noite, é também, o sinal para o início da outra face, dum outro ciclo, o da sobrevivência. A morte de uns dará a vida a outros, e nos sons, escutam-se gemidos de mêdo, gritos de triunfo, avisos aflitivos. Nestes dramas, encenados pela natureza africana, estreiam diàriamente, espectáculos de ópera dramática, alegre e até de ópera “bufa”, só que com orquestras e vozes que soltam notas para uma melodia única, que só áfrica tem. Tudo me ocorreu com o presenciar deste ocaso pintado por Deus, nesta áfrica tantas vezes humanamente sofrida.
E, a pedido aí vão uns versitos...
O amor e a sorte

Pedra lascada,
brilho transviado,
ruga desfigurada,
amor inacabado!

Janela aberta,
fresta de luz,
monstro de capuz,
conclusão incerta!

Trôpego caminhar,
saltitar doloroso,
gaguez no falar,
descanso penoso!

Grito de alerta,
caminhar p'la certa,
sacudir o azar,
ter mais p'ra dar!

Construir a vitória,
saborear a história,
colher com fulgor,
receber o amor!
E, mais estes...
Era uma vez,
na terra do arco-iris,
naquele palácio das côres,
onde te buscava com sofreguidão.
Era um ritual de súbdito leal,
à minha princesa do reino,
do reino da minha fantasia.
Quando te apresentavas, linda,
naquele varandim real, florido,
eu me curvava à tua beleza,
e o meu coração batia mais forte,
oh princesa das princesas,
princesa do meu reino!
Um dia, aquelas nuvens,
negras, negras, apareceram,
e tudo taparam à sua volta!
O arco-iris deixou de se vêr!
A tristeza se instalou,
e todos se curvaram,
perante o desaparecimento
daquelas côres vivas, reais...
As nuvens se esfumaram,
mas o meu reino não voltou!
Procuro-te naquele varandim,
e o teu rosto ali já não mora.
Olho então o céu e espero,
que me traga o meu arco-iris,
inunde o meu reino de fantasia,
de luz multicôr, e me devolva,
a minha linda princesa!
... e, ainda:
Passeio à beira-mar

Aquele sol de inverno,
veio quebrar,
por momentos,
a chuva teimosa,
que molhava ossos.
A praia, lá fora,
estava linda,
a areia dourada,
o mar de prata,
e a brisa suave...
E fomos de mãos dadas,
pela praia fora,
dando voz ao silêncio.
E, libertando a pressão,
dum outro silêncio,
criado na solidão,
dum tempo frio,
dum inverno imaginado,
no sentir da ausência,
da presença ignorada.
E, depois, aquele sol,
tão oportuno, tão amigo
nos conduziu,
pela praia dentro
e na voz do silêncio,
te amei e fui amado!
E aquele passeio à beira mar
escreveu uma história,
bela e inesquecível.
... e, mais esta:

Oh Linda Mulher...

Eu arrisco a minha opinião,
em versitos ou em prosa,
mulheres de tez saborosa,
gosto delas na minha mão!

Pois, se na minha mão,
te entregas, oh linda flôr,
eu te defloro com amôr,
de todo o meu coração!

Para ti, oh linda mulher,
não te ama quem quer,
aquele que teu amor terá,
só teu coração servirá!
E, acabou... espero que tenham gostado desta miscelânea tropical, com sabores áfrica... sobretudo "amoçambicanada"... que tem mais sabor...
Ricky

domingo, maio 14, 2006

REFLEXÕES SOBRE DIGNIDADE PESSOAL


REFLEXÕES SOBRE DIGNIDADE PESSOAL
Introdução - Há muito que me vinha questionando, sobre a relação entre as pessoas, e sobretudo, pela "ousadia" da manutenção duma escravatura moderna, que através dos tempos se tem adaptado a certas circunstâncias, se tem "omitido", ou "refugiado", num nevoeiro provocado pelo desinteresse do homem pelas suas "coisas". O mesquinho costume do "deixa p'ra lá", isso não é nada comigo, ou se se quizer, da preguiça mental da análise do que nos impede de viver uma liberdade plena. Por isso compartilho convosco estas reflexões, sobretudo depois de ouvir também em reflexão, na ANTENA1, o Dr. Guilherme de Oliveira Martins, conhecido político e, orador estimado da UNESCO, para problemas sobre a dignidade humana e o D. Manuel Clemente , Bispo auxiliar de Lisboa, no seu programa de história no ECCLESIA, RTP2 às 5as feiras às 18.30. Feitas as apresentações dos que me deram "dicas" favoráveis para o meu tema, espero agradar-vos e sobretudo fazer-vos pensar.
I
Todos se lembrarão do "chumbo" da Constituição Europeia, da negação pura e simples daquela forma de espelhar uma "união" entre povos dum mesmo espaço, dum espaço com história, com uma civilização rica em acontecimentos, com mutações quase sempre favoráveis à dignidade humana. Recuperaremos esta situação no final da reflexão, e entretanto não a percam de vista...
D. Manuel Clemente lembrava à dias que o Papa Paulo III no séc. XVI, tinha emitido uma Bula, destinada aos conquistadores de então, os descobridores de novas terras, onde nos incluíamos. Dizia a Bula que os novos povos não poderiam ser despojados dos seus bens, nem da sua dignidade pessoal, em nenhuma circunstância, mesmo não sendo, ou não aceitando, a religião cristã! É óbvio que tal Bula se dirigia aos índios (da américa) ou aos povos da américa do sul... Fosse como fosse, ressalta aqui uma vontade absoluta da Igreja Católica em ressalvar a dignidade da pessoa humana, seguindo de perto o Evangelho de Jesus, Deus de Amor e igualdade. Evangelho, tantas vezes desvirtuado e alvitrado, e em nome do qual, se fizeram barbaridades incríveis, que ainda hoje cobrem de vergonha, páginas e páginas da história universal.
Será bom relembrar que no tempo de Jesus nem todos eram cidadãos, pessoas que, como se sabe, tinham previlégios próprios. Saul, mais tarde S.Paulo, era cidadão e por isso tinha previlégios importantíssimos, como por exemplo, poder ser, apenas, acusado em Roma, por juizes romanos. Mas, Jesus, tratou de igualar as pessoas, incluindo a mulher, que nada valia socialmente, dando-lhes a mesmíssima importância, libertando-os de tutelas indesejáveis, dando-lhes a dignidade, que nunca souberam bem o que era. Começava aqui os contornos do que poderia ser a dignidade da pessoa humana. Mas séculos depois, será que isso é um dado adquirido?
II
A resposta é NÃO! Temos tantas razões para descrer que estejamos perto sequer duma concretização. Passos positivos se dão, mas logo outros para trás, cortam o andamento. Guilherme de Oliveira Martins falava, a propósito dum tema parecido, que havia sido o seu na UNESCO, numa palestra, que a "responsabilidade pessoal" era muito importante. A responsabilidade pessoal, leva a que, a pessoa humana, não possa ficar indiferente ao que ao nosso lado acontece. Somos também responsáveis, quanto mais não seja por omissão. Estou de acordo claro, e acrescenta que, à carta de direitos humanos deveria ser acrescentada, uma outra de deveres humanos! Na segunda grande guerra, onde o ultraje ao humano atingiu valôres incalculáveis, que envergonham a humanidade, várias pessoas deram a sua vida pelas convicções do legado superior de DEUS, a VIDA, e sem dignidade pela pessoa humana, não há VIDA! Santa Teresa, que o meu querido Papa João Paulo II, conheceu em vida e santificou no seu Papado, foi uma judia filósofa que se converteu ao cristianismo e assumiu a sua condição no Convento das Carmelitas, proclamando a tese da dignidade pessoal em todas as circunstâncias. Morreu num campo de concentração para judeus, sem nunca ter vacilado um minuto sequer pelas suas convicções. O Concílio de Vaticano II, que tantos frutos já produziu, e continua a produzir, foi sempre muito ignorado por alguns "intelectóides" que proclamam um relativismo existencialista que eu não sei bem o que é... Mas a dignidade humana vende-se nesses conceitos, por abortos livres, ou se a vida fôr difícil ou penosa, caramba acaba-se com ela e pronto... Falta pouco para se olhar para os velhotes, que agora começam a ter mais idade, e se já não servem, nem para passear um qualquer trineto, não tem direito a viver, para quê? Gignidade humana? Onde? Conheço uma mulher que abortou, levada pelo facilitismo das circunstâncias políticas, ao redor dela no post aborto, não teve ninguém, dos anteriores facilitistas. Quando lhes pediu assistência ouviu, de forma bem clara: "-Menina, já fez o aborto agora siga a sua vida, tá?!" Teve de ser internada numa instituição da igreja católica, para assistência psiquiátrica. Porque ali, não se nega ninguém, a dignidade do ser humano é um factor de peso, se calhar o único! Na argumentação contra a igreja católica, entram sempre os pecados habituais, dos desvios deste ou daquele, dum qualquer sentido desviado da verdade dum código Da Vince qualquer. Verdade? História ou ficção? Que interessa isso, se complementa o desejo, pouco secreto, de se livrarem duma instituição atenta, que històricamente tem pugnado pela dignidade do ser humano. E, eivados do tal sentido de preguiça, nem sequer procuramos conhecer as razões da história, delegamos isso num qualquer vendilhão de feira, que procura explorar essa nossa preguiça mental...
III
Não é uma conclusão, porque está longe disso, mas apenas alinhado, para servir de mais reflexão. Voltemos então ao princípio. Lembram-se do Tratado Europeu? Pois, como não abordou, a raíz europeia, dos princípios cristãos, os Europeus não lhe debitaram razão para o aceitarem. Nem sequer era necessário citar muito a igreja católica, bastava enunciar os princípios... como na revolução francesa, ou no maio de 68... os princípios de Jesus Cristo estavam lá todos... e Ele não foi citado! Enquanto houver morte de fome de crianças, ou por falta de assistência, apenas pelo desinteresse humano, a tal carta dos deveres, a responsabilidade pessoal, claro que a dignidade da pessoa humana, não existe pura e simples. Enquanto houver tráfico de mulheres e homens, seja para a prostituição conhecida, seja para trabalho obrigatório, não haverá dignidade do ser humano... ELE bem disse como era, basta lêr o Evangelho. Claro que a sua aplicação é difícil... mas lá está a dignidade do ser humano em primeiro lugar, tendo como mandamento principal, amar o seu semelhante como a si próprio, e isso é amar a DEUS!