De costas para o rio...

Quero questionar-me, questionando-vos. Adoro a Paz real, aquela que brota sorrisos... Quero cantar sentimentos, desafiar os olhares do coração... Quero contar consigo, na parceria desta viagem... Por isso não quero ir para o mar, quero procurar as razões que dão amor... e, dele fazer um canto louco de alegria...

Nome:
Localização: Barreiro, Setubal, Portugal

sou alguém que é feliz...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

A RAZÃO DO MEU NATAL


Foi por amor

Na tristeza Me encontraste,
pelo Teu sorriso me reergui,
pela Tua mão andei em frente,
o Teu calôr me sossegou,
e senti a força do Teu carinho!
Na estabilidade do Teu colo,
me habituei a adormecer,
a Tua voz escutei interiormente,
e me embalava para o sono,
o sono da paz e do amor!
E acordava refeito,
feliz e sorridente.
A noite de contemplação,
me enchia de força,
um novo espírito me dominava,
sem mêdos, com coragem,
amor e tranquilidade!
Agora determinado,
olho em frente, fixamente,
e vejo-Te naquela cruz,
e a certeza mais se certifica:
tudo o que fizeste por nós,
foi por amor!!
Um BOM e SANTO NATAL para todos vós, com saúde, amor, e com muitas Felicidades, um abraço do Henrique Santos - Ricky

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Conto de Natal africano...

Nota Prévia
* Este conto é ficção, embora com a recordação de gentes e locais, reais e bem verdadeiros na minha memória. O tema da história baseia-se num conto tradicional Irlandês, sem contudo ter pontos comuns senão, a finalidade, mostrar que Jesus está presente, em todos os momentos, através daqueles com quem nos relacionamos, nos nossos actos mais insuspeitos... Utilizo alguns chavões de linguagem local, espero que em nada perturbe a vossa leitura. Vou evitá-los, corrigindo agora ao relero texto. Obrigada.

Conto de Natal
Algures, no Calanga - Manhiça
A CEIA ESPECIAL
I - A véspera
O Macitela estava entusiasmado. Tinha ido à Missão falar com o Padre Teixeira e ele lhe havia explicado que tudo o que em Fé pedíssemos a DEUS, isso se realizaria. Então, concebeu o seu plano secreto. Estava só naquela época de cheias do Incomáti, e os Pais ficaram na Manhiça. Teria de passar a ceia de Natal, só, ali no Calanga. Iria à missa do galo, que o Padre Teixeira não perdoava aos faltosos, mas depois iria fazer a ceia, pois tinha um convidado especial - Jesus! Convicto da sua presença, escolheu o melhor frango que tinha e... zás! Depois de depenado, arranjou-o e preparou com todo o cuidado, os ingredientes para o temperar. A mafurra (óleo de amendoim) o piri-piri, o sal, e o olhinho de abóbora tenra, pisada no pilão. Escolheu as melhores penas do frango, para depois o pintar com os ingredientes misturados no óleo, e começou a preparar a farinha de milho. Pelo sim e pelo não, voltou a peneirá-la com todo o cuidado e ... houve até uma parte que voltou ao pilão, para ficar ainda mais fina. O amigo Matsinhe passou por lá, viu aqueles aparatos todos e disse para os seus botões "... este Antoninho Macitela, tem visita de tombazana nova, sim senhor..." E procurou tirar nabos da púcara, mas o nosso Macitela, nem abriu a boca, o que acentuou a desconfiança, havia mesmo tombazana na estória.

II - Os últimos preparos...
Acordou no dia seguinte, angustiado. Chegara o dia, agora é que iria conhecê-LO! Uma certeza tinha, a sua Fé lhe segredava que ELE iria estar ali a cear na sua modesta palhota, para comer o melhor frango à cafreal do Calanga, e até mesmo da Manhiça! Faltava a fruta e o vinho, Foi à cantina do senhor Castanheira e comprou aquela garrafa de vinho já velha que ele dizia ser "... uma pomada para deuses..." e que lhe custou muitas quinhentas.... Passou pela Tia Caliana, já mamana com uma curvatura digna de realce, havia carregado com sete filhos! Passou por lá só para lhe dizer, que passaria a noite de Natal na palhota, sòzinho. Depois da missa, iria directamente para casa. A Tia achou estranho, mas com a ausência da irmã, por causa das cheias, aquiesceu. O nosso amigo Macitela, aproveitou e "tirou" das mangueiras da Tia, quatro mangas sumarentas, as melhores da época! Tudo corria bem. Foi dar uma espreitadela à lenha, não fosse o diabo tecê-las.Não cabia em si de contente, já só faltavam horas....

III - Finalmente a Ceia...
Quando o Padre Teixeira acabou a missa, o nosso amigo, retirou-se ràpidamente e estratègicamente, fugindo às conversetas, ele que tanto gostava disso, para não perder tempo, pois o seu convidado não poderia esperar ... Assim que chegou, espevitou o lume, preparou o espeto, colocou o frango, pintou-o com o óleo, usando as penas, e colocou-o a assar. Pôs a farinha no lume, e deliciou-se com o cheiro a milho fresco e com a côr digna de reis... O frango, pincelado como a mãe recomendava, várias vezes com o óleo, sal, piri-piri e o olhinho de abóbora, estava a ficar dourado, o melhor frango do mundo!! Estava finalmente tudo pronto. Sentou-se na esteira e aguardou a chegada do convidado de honra. Passados minutos, estremeceu, pois tocaram à porta. É agora o grande momento. Abriu a porta e... desilusão, era um fugitivo das cheias, que havia perdido tudo, estava cheio de fome e... como tinha visto luz acesa, veio pedir ajuda. Macitela, o bom do Macitela, olhou para o frango e pensou "... será que Jesus reparará na falta de uma perna? virava o frango para esse lado e sempre disfarçaria..." Assim fez, deu ao pedinte uma perna do frango, uma manga, uma porção da farinha e... um copo de vinho.O inesperado visitante foi embora, voltou a sentar-se e aguardou...Truz, truz, batem novamente à porta. Agora é que é, o coração acelerava.... Desilusão, era um outro viajante cheio de fome, pois as cheias tinham sido uma calamidade... Voltou a fazer contas à vida, tirou uma asa e um bocado de peito, uma manga, uma porção de farinha e um copito de vinho...Meus caros a estória repetiu-se mais uma vez.... ele estava desesperado, já só tinha uma asa e um pouco de peito, uma porção de farinha, um copito de vinho e ... uma manga. Quando Jesus chegar dou-lhe o que resta, também já havia perdido a fome, mas não podia dizer que não àqueles desgraçados...De repente a porta se abre e uma figura resplandecente de luz, vestido de branco, assume... e ... o bom do Macitela, gaguejando e envergonhado, dizia: "Jesus, perdoa-me, como demoraste tive de repartir com uns viajantes esfomeados..." Jesus sorriu, e disse-lhe: " Macitela, o teu frango estava divinal, a farinha estava optima, o vinho excepcional e as mangas uma delícia ".
Como sabes? perguntou-lhe admirado. " Oh meu filho, sempre que alguém alimenta um necessitado, é a MIM que o faz, EU estive aqui com eles e a Ceia foi maravilhosa e tu demonstraste que ME amas..."
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O Macitela acordou, tinha lágrimas nos olhos, e ainda não sabia se tinha sido sonho ou realidade. Mas que era o sonho mais lindo que havia tido, era! Foi a correr contar ao Padre Teixeira, e não é que o velho padre, derramou umas lagrimitas....
PS: A minha homenagem às gentes do Calanga (linda praia) e da Manhiça, ao velho padre Teixeira, que me viram crescer...
Natal - 2005/ Ricky

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Aventura nos céus da Inhaca...











Nas fotos o Rui Monteiro na 1ª foto à esq., eu a sair do Mooney junto ao clube, e uma parte da praia da Inhaca

Aventura nos céus da Inhaca...
Introdução
Antes de vos começar a contar esta memória, queria dedicá-la aos meus queridos colegas do Aeroclube de Moçambique, que já partiram: o meu saudoso e querido amigo Amílcar Motta (companheiro nesta aventura) meu Chefe de Divisão na Junta Autónoma de Estradas, e meu colega de direcção no Aeroclube, o presidente dessa direcção, o saudoso Pauleta, o vice Amaral, o gago mais famoso e ex-despachante oficial, o inspector Gonçalves Dias, sogro do Carlos Otão meu velho amigo da natação e ... outras aventuras... Gente boa que já nos deixaram. Com um abraço ao Mestre Rui Monteiro, na foto com outro amigo, de casaco e emblema do Desportivo de LM, grande piloto, talvez o maior de todos, grande perito em acrobacia e... que hoje ainda voa, apesar de ser mais velho que eu. Ao "comandante" Jorginho (Russell) e à Marilu, Diabinho, companheiros destas lides, mas também eles ligados aos aviõezitos... os tais tecos... tecos .. o da foto, não, era um Rolls Royce da época... e eu só o pilotava acompanhado...
O Cúmulo-nimbo
Da janela do nosso edíficio, na avenida de Moçambique, avistámos um cúmulo nimbo, "poisado" na Inhaca, muito carregado, bonito, com formas assustadoramente belas. Olhámos um para o outro, eu e o Motta e sem falar decidimos, vamos fotografá-lo. As máquinas estavam mesmo ali à mão e de carro, atravessando o Xipamanine, chegámos ao clube em dez minutos. Escolhemos um avião de asa alta, para podermos fotografar à vez, cada um levantando a asa do outro lado... Habilidades já costumeiras nos meninos dos tecos-tecos... É preciso explicar que aquelas nuvens se caracterizam, não só pelas suas côres escuras e claras, o tal cinzento chumbo, e o escuro carregado, mas também pelas suas correntes de ar fortíssimas, paralelas, ascendentes e descendentes, capazes de partir qualquer avião... Para além da carga electrica e constante trovoada. Claro que nós sabíamos, nem íamos para um desafio, nem para sermos heróis de coisíssima nenhuma. Íamos tirar, apenas, umas fotos mais de perto. Com o Tripacer ronceiro lá fomos a caminho daquele "passarão" enorme à entrada da baía de LMarques, junto à Xefina Grande. Estávamos quase a decidir fazer a reportagem, não penetrar mais naquelas redondezas, porque já sentíamos o desconforto do avião aos sobe e desce, quando de repente, sem que nos apercebêssemos de qualquer aviso, a avioneta subiu mais de duzentos pés num ápice! A nossa sorte foi que ao subirmos, fizémos uma oval de saída daquele lugar. Imediatamente acorremos ao motor que já assinalava a diferença de oxigénio, fizemos um mergulho para a altitude anterior, e só quando "ouvimos" o motor cantar como de costume, descansámos. Parecia-nos uma ária de Mozart, algo de maravilhoso, violinisticamente bem tocado... Mas, o problema não tinha acabado, aquele passarão deslocava-se ràpidamente e empurrava-nos para a cidade. Penso que o ronceiroso, nunca andou tão depressa, com aquela ajuda inesperada. A chuva começava acair e os controladores do aeroporto, já começavam a desesperar com os seus meninos ainda no ar. Fomos os últimos a aterrar, e lembro-me de termos tido necessidade de utilizar a pista maior, mas com ventos cruzados bem fortes. Por duas vezes fomos atirados para fora da pista mas o Motta conseguiu, numa "distracção" dos ventos, pôr o estojo no chão, baixar o nariz, e rumar contra o vento para o hangar do clube, a toda a potência para andar tão devagar... O Martins, o nosso mecânico, e de eleição, que ainda lá está, ajudou-nos a pôr o avião dentro de casa e fechar o hangar. Lá fora a chuva torrencial era tanta que a baixa de LM ficou inundada... Só pudemos ir para casa duas horas depois...
A Conclusão
Chegámos ao bar do clube e todos os que lá estavam abrigados da chuva, nos olharam de espanto. Estávamos lívidos, brancos como a cal... Aquela aventura não dava para contar, à pescador, ou à caçador, ou à ... aviador! Era por demais evidente que o susto nos tinha apanhado e de que maneira. Foi uma lição para não brincarmos com coisas muito sérias. Já lá vão uns anitos, mas ainda hoje me recorda, o medo que tive de não sabermos controlar o aparelho, após a subida inesperada e depois na aterragem... Penso que fizémos Inhaca - LMarques mais rápido de sempre...
A saudade...
Mas que falta me faz aquele aeroclube. Nunca mais tive a sensação de plena liberdade, sem sinais de trânsito (fora da área do aeroporto, claro...), sem stress's, sem... nada a chatear... liberdade absoluta, e um céu para admirar...