De costas para o rio...

Quero questionar-me, questionando-vos. Adoro a Paz real, aquela que brota sorrisos... Quero cantar sentimentos, desafiar os olhares do coração... Quero contar consigo, na parceria desta viagem... Por isso não quero ir para o mar, quero procurar as razões que dão amor... e, dele fazer um canto louco de alegria...

Nome:
Localização: Barreiro, Setubal, Portugal

sou alguém que é feliz...

quarta-feira, março 29, 2006

A CAMINHADA


REFLEXÕES

Todos os anos por esta altura, Quaresma, sinto uma necessidade de me interiorizar, auscultar-me, saber como ando, porque tropeço tantas vezes, porque o mundo que me rodeia é assim, desumanizado, tendente à frieza absoluta. Escuto os noticiários e oiço o que não quero. Sinto, que muitos, tem pela guerra uma paixão desumana, cruel! Oiço os rebentamentos das bombas, dos suicidas fanáticos, oiço o martelar das metralhadoras. Fecho a TVe olho ao meu redor, recordo a conversa do café, a discussão sobre o aborto, se deve ser às tantas semanas ou às outras tantas. Como se a vida pudesse ser tirada, impunemente, antes e tivesse que vigorar depois. Uma capacidade de decisão, que ultrapassa o nascimento, esse fenómeno maravilhoso, que nos fascina a todos, e que os novos decisores ignoram pura e simples. Estou a ouvi-los no seu interior:" o nascimento é só quando eu disser!" É o legislador que decide! E, parte do povo, bate palmas acha que assim se democratizou a vida. Só vive quem ganha nos votos! Revejo as notícias desoladoras, que se referem às atrocidades cometidas nas crianças, tantas vezes por aqueles a quem elas teriam de confiar. Os culpados, às vezes, são objecto de julgamentos, tantas vezes, cheios de incertezas, com avanços e recuos, mas mais com recuos do que de justiça! Assisto, impotente, ao desenvolvimento duma forma de ser e estar, fria, distante, com quase ausência de amor. E na minha caminhada, tento reerguer-me imaginando que nem tudo é mau. Recordo, que existem milhões de pessoas, que de formas diversas se dão em amor ao próximo, tantas vezes com risco da própria vida! E, o mundo reage tão cruelmente ignorando-os. Não têm notícia no telejornal, ninguém comenta as sua acções. Quem se lembra de Madre Teresa de Calcutá? Mas do Código Da Vince se calhar se lembrarão. Quem se lembra de ter lido numa notícia pequenina, que um missionário tinha sido assassinado? Mas, todos se lembrarão, de um caso qualquer, dum padre acusado de qualquer coisa. E é sempre assim, o mundo vai ao encontro da ausência de valôres. Dizer-se hoje que se é Católico, Cristão, falar-se em Jesus, é como se costuma dizer, politicamente incorrecto. Pode-se ser, mas às escondidas. Porque será? Porque Jesus incomoda assim tanto? Eu sei, gratamente sei! Jesus deu a Sua vida por Amor ao homem, suportou as suas dôres, as sua angústias, os seus pecados. Mais ainda Deus Pai deu o seu único filho para nossa salvação! Era capaz de fazer o mesmo? A Paixão de Cristo, na sua essência é uma maravilhosa prova de amor, como Ele sempre ensinou. Que fazemos nós? Espalhamos frieza, indiferença, quando somos chamados a intervir, em dar uma ajuda que fazemos? Inventam-se desculpas, desvia-se a atenção e continuamos numa outra caminhada. Como dizia o meu pároco, estamos a meio, da Quaresma, tempo de reflexão, que queremos fazer da nossa vida? Já pensaram?

Deixo-vos um poema, em repetição, mas que se enquadra bem.

Foi por amor

Na tristeza Me encontraste,
pelo Teu sorriso me reergui,
pela Tua mão andei em frente,
o Teu calôr me sossegou,
senti a força do Teu carinho!
Na estabilidade do Teu colo,
me habituei a adormecer,
a Tua voz escutei interiormente,
e me embalava para o sono,
o sono da paz e do amor!
E acordava refeito,
feliz e sorridente.
A noite de contemplação,
me enchia de força,
um novo espírito me dominava,
sem mêdos, com coragem,
amor e tranquilidade!
Agora feliz,
olho em frente, fixamente,
e vejo-Te naquela cruz,
e a certeza mais se certifica:
tudo o que fizeste por nós,
foi por amor!!

E, propositadamente, a foto inicial representa Jesus Ressuscitado, já lá não está, e deverá estar no coração de todos os que O acolherem.

quarta-feira, março 08, 2006

Crónicas e Férias –Momentos de Reflexão
















Crónicas e Férias –Momentos de Reflexão



Em férias no mato, ia bastas vezes, como na altura dizia, "conversar" com a natureza. Uma conversa aparentemente surda, porque não usava a fala sonora, mas uma outra, do interior, que narrava estórias e mais estórias. Estórias de prazenteiros sentimentos, que irradiavam da beleza e do agreste daquelas terras. Fugia do mundo, se assim se pode dizer, para dialogar com as micaias, com as figueiras, ou aqui e ali com uma galinha ou com uma perdiz, ou ainda com uma impalazita. Ia de jeep do papá, que sempre me dizia: - "Não vás para longe, quero-te por perto... Não demores..." Às vezes nem saía do carro, e ao mirar tudo o que me cercava, ficava por momentos extasiado. Recuperando a pouco e pouco, o meu pensamento voava para mais longe, para a minha vivência, para a importãncia dos amigos, para os factos bons e maus, que me assolavam o pensamento. E, era naquela ambiência, com os cheiros do mato, a quietude quebrada aqui e ali, pelos sons da vida daqueles seres tão especiais para mim, que imaginava o meu comportamento. De tantos factos, claro que os amores adolescentes, perdidos, outros nunca achados, que, até, por não serem muitos, tinham o seu peso na ocupação daquele tempo de meditação. Deus, tomava sempre o seu lugar previlegiado, natural, e Jesus com os seus exemplos determinava comportamentos, afinal eu era um dos que pertenciam à JEC (Juventude Escolar Católica). Mas, estas reflexões, ali no meio do mato, tinham uma projecção suplementar, porque aquela natureza falava-me duma forma clara. Aquele equilíbrio, só posto em perigo, pelo homem, era um exemplo de vida que me enchia o peito, e desse exemplo nascia a minha auto-confiança renovada. Era por isso que ali ia, afinal! Recuperar o fôlego de vida, renascer outra vez, com todo o significado Bíblico que tem...
Hoje ao fazer estas reflexões, recordo que ainda perduram as renovações de fôlegos gastos e depauperados. Ainda hoje me reconforta imaginar-me ali, naquele lugar! Se calhar, só quem esteve lá pode imaginar, se calhar... De tal ordem pesou em mim que, hoje por hoje, quando recordo, aqueles factos relevantes de infância, faço-os com ternura, e não recebo deles nenhuma dôr, todos me dão paz, porque na altura a geraram, o suficiente, para chegar até hoje. Alguns desses momentos, geraram sinais poéticos, que a escrita, menos que a alma, fazem perdurar pelos tempos fora. Tenho duas recordações para vos mostrar: A saudade do cheiro dela, na saudade dum lugar, e a importância e partilha dum momento.
Vamos começar pela saudade, provocada pela lembrança dum lugar, numa poesia, que poderá ser intitulada de: "Naquele Lugar". Assim :


Olhei,
e logo senti o acolhimento,
daquelas árvores,
daqueles arbustos,
daquela relva,
daquele lugar!
Por ali andei,
por ali namorei,
por ali sonhei, acordado,
como agora, neste momento,
quando sinto o teu cheiro,
no cheiro daquele lugar!
Ali declamei,
ali fiz promessas,
num futuro só de luz,
cheio de amor,
vida, partilha.
Na recordação deste lugar,
encontrei de forma inesperada,
o sabor da tua presença,
por momentos, real,
por momentos, tão doce...
Oh saudade linda,
porque te escapas,
fica, fica comigo,
transforma este doce calor,
no calor do peito dela,
transforma esta imagem,
naquele corpo macio,
como manto de veludo...
Oh saudade, saudade,
porque estás tão amarga,
porque te escapaste?


Tenho um instante a recordar. Dizem que o primeiro amor marca, eu acho que sim, mas deve ser algo bom, para rememoriar, sempre com alegria... Vejamos:

Naquele instante

Foi naquele momento,
naquele instante que te vi,
que soube que na vida,
nesta vida suada e dura,
eu não estava só,
havia outro eu!
Em ti, vi logo o partilhar,
naquele teu belo olhar!
Senti o pulsar do teu coração,
mesmo à distância física!
Anos se passaram,
e ainda hoje,
como sempre,
sentir-te-ei viva e bela,
como naquele instante!
Oh amor primeiro,
como te agarraste bem,
ao instante do momento,
no cruzamento interior,
de sentimentos puros,
fortes,
que duraram uma vida!
Respira,
agora,
esse momento,
e saudosamente recorda-me!


É no respirar desses momentos de reencontro, que fatalmente a terra, a selva, o mato, aquelas côres, cheiros e sons, aquelas gentes, simples, de vida bem ritmada, dura, mas compensada pela festa da natureza.
Porque será, que o homem teima em não valorizar o que pela sua simplicidade, está tão evidente?
Não deixarei de sentir por aquele "mato", a maravilhosa lição de vida que sempre me deram com a maior naturalidade. Terra e Gentes que tenho no coração.