De costas para o rio...

Quero questionar-me, questionando-vos. Adoro a Paz real, aquela que brota sorrisos... Quero cantar sentimentos, desafiar os olhares do coração... Quero contar consigo, na parceria desta viagem... Por isso não quero ir para o mar, quero procurar as razões que dão amor... e, dele fazer um canto louco de alegria...

Nome:
Localização: Barreiro, Setubal, Portugal

sou alguém que é feliz...

quinta-feira, novembro 03, 2005

De Mapulanguene ao Kruger National Park


A visita ao National Kruger Park

Estávamos todos ansiosos pelo dia seguinte. Eu não conseguia disfarçar o que me ia no pensamento. Estávamos à beira de conseguir tornar realidade, o que só poderíamos vêr no Museu Álvaro de Castro, ou episòdicamente, aqui ou ali, quando fazíamos uma fugida ou outra, pelas savanas ali ao lado. Mas, variedade, era o que nos esperava... e, de tudo! Com grandes dificuldades, lá adormecemos. Logo num ápice, pelo menos foi o que nos pareceu, a minha Mãe nos acordou. Eram quatro da manhã, tínhamos de nos preparar, tomar o pequeno almoço de desjejum e, carregar o jeep Land Rover, com o pique nique , pequeno almoço real, e lanche, já que o almoço, tomávamos no Skukuza ou Satara, acampamentos do parque, que tudo tinham. Saímos de Mapulanguene, já eram cinco e picos, o que perturbou o meu Pai que tinha combinado com o Ranger, do outro lado do rio, no caminho para Satara, ás cinco e meia. O sol despontava, e se a noite tinha sido mal dormida, a “esperteza” provocada pelo ar da manhã, compensada pelo sol, que despontava majestoso, para um dia que se adivinhava, quente e próprio para uma visão explêndida, do que poderíamos vêr. Na hora programada, chegámos ao ponto de encontro, e lá estava o ranger do parque, o senhor Merk, descendente de holandeses, e a sua esposa Marie, a quem chamávamos carinhosamente “misses Merk”... O meu Pai falava com ele, fluentemente, Ronga, já que nem ele sabia português, e o meu Pai não sabia inglês suficiente... Era uma situação giríssima, que fazia rir, quer os naturais sul-africanos, quer os moçambicanos, esses sim falavam a mesma língua. Feitos os cumprimentos, dirigimo-nos para Norte, em direcção aos Olifants, acampamento, junto ao rio dos Elefantes, onde supostamente veríamos elefantes em quantidade, mas também crocodilos, hipopótamos (cavalos marinhos) e outras espécies que mais a sul seriam mais difíceis, como leopardos e “gnus”. Começámos por vêr as nossa amigas e companheiras de jornada as impalas, cocones, nhalos, gazelas, isto é toda a espécie de antílopes, até Kudos, bem mais difíceis... Com o olhar atento na vegetação predominante, as diversas espécies de micaias, massaleiras diversas, aqui e ali com tufos de capim alto (capim elefante...) e em zonas determinadas de lagoas sazonais, uma ou outra figueira, um ou outro canavial... Quando batiam as nove horas, parámos, num miradouro, com sombras frondosas de figueiras centenárias, para tomar o pequeno almoço real. Trocámos experiências culinárias, o nosso bom presunto, pelas mortadelas e doces sul-africanos, sobretudo o mel maravilhoso, ali mesmo do parque Kruger. Ficámos então a saber, que a partir daquele momento, os guias teriam as espingardas prontas para agir, o nosso jeep ia no meio, porque iríamos por uma estrada proibida aos visitantes normais, e iríamos encontrar elefantes com crias, e eventualmente leopardos, e leões. Todos estavam no auge da expectativa. Agora é que vai ser! E, foi. As nossas expectativas não foram goradas, parecia que as espécies mais difíceis, se engalanaram, para nos oferecer, esse espectáculo único da natureza, ela própria, no seu esplendor! Vimos uma mamã elefanta com a sua cria, abanando as orelhas em ar agressivo, com as irmãs ao lado para o que desse e viesse, e com os paizões, ali bem pertinho para agir... Saímos pela calada com meiguice, e com uma vontade louca de passarmos despercebidos... Mais à frente, tivemos a sorte de vêr um leopardo numa árvore baixa, e uma cria mais à frente, já crescidota, e só de repente vimos a mamã ali meio encoberta pela vegetação, e... de pé atrás... Chegámos ao rio e do miradouro dos Olifants, vimos os crocodilos e ... mais além os hipopótamos... mesmo em cheio! Virámos para sul e com uma companhia de zebras reluzentes, fomos em direcção a Satara onde fomos almoçar às duas horas, sem esquecer a macacada que aparecia nos miradouros, e os “chipenhes” os antílopes mais pequenos que ali existem, isto para usar a língua ronga... Depois de almoço, um almoço de carne grelhada, e pão de mistura à inglesa... fomos para Nhokwane, e já não fomos ao Skukuza por ser tarde. No miradouro do Nhokwane deu-se um episódio, hilariante e ao mesmo tempo revelador, do ambiente da selva, sempre na sua renovação permanente. Num lago, estavam de um dos lados uma família de leões, alguns seis ou sete, deitados à sombra dum imbondeiro, dormiam a sono solto; perto de nós um elefante jovem comia as folhas verdes dos arbustos, e do lado contrário aos leões, estavam búfalos, girafas, impalas, zebras, kudus, que tentavam beber água, olhando sempre para a outra margem. Era um espectáculo verdadeiramente impressionante! Uma cena montada pelo produtor Natureza, e bem representado por animais autênticos, usufruindo de todo o seu estatuto! Ora, o leão mais velho acordou da soneca, e resolveu levantar-se... Toda a bicharada se pôs em fuga, de repente, sem olhar para trás... o chão tremia, parecia um tremor de terra... que espectáculo! Refeitos da cena, prosseguimos viagem, até que... Lanchámos, já na fronteira por nós violada, e preparámo-nos para regressar a Mapulanguene, onde chegámos exaustos mas, com histórias lindas para contar às miudas no liceu, nos corredores e nos intervalos, que nos renderiam atenções delas, e invejas dos nossos colegas... As férias caminhavam para o fim, as aulas aí estavam a começar, e os nossos encontros também... que bom!
Ricky
In livro a publicar...

19 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Que bom poder ler algo sobre a África que não fale apenas de miséria, dor, sofrimento... bonitas palavras as tuas...

Gostaria de um dia poder visitar esse continente maravilhoso.

Abraço.

3:32 da tarde  
Blogger Isabel Filipe said...

uauuuuuuuu

parabéns...
o menino já aprendeu a colocar fotos...

bjs

4:47 da tarde  
Blogger Português desiludido said...

É como estivesse a fazer essa maravilhosa viagem. Continua Rick.
1 abr
Pedro

7:25 da tarde  
Blogger Julio Thomé said...

Olá Henriuqe, que show natural lindo e divertido. Gosto da matureza assim, com toda sua diversidade...
desculpe minha ignorância...

"Já eram cinco e picos,"

o que significa?

1:41 da tarde  
Blogger Henrique Santos said...

Obrigada pela vossa presença...
Diego Quadros
África tem também coisas de encantar, para além da fome e miséria, provocada pela outra miséria a dos homens...
Visite que vai adorar...
Um abraço,
Isabel
Fui à descoberta e não é que aprendi sòzinho?
espertinho ele hein!? gaba-te cesto... Bjinhos
Pecaas
A tua visita é para mim um consolo e um incentivo, um abraço forte,
Azenhas
Ainda bem que gostaste. Isso me agrada, porque escrevo para que gostem, e se divirtam tanto quanto eu, a escrever...
Irei saber de interessados, a viagem que aqui relato foi feita num Land Rover...
Um abraço,
Julio Karlos,
Olá amigo, obrigada pelas palavras de incentivo. Cinco e picos significa cinco e alguns minutos... São frases "idiomáticas" que se aprendem no dia a dia e que ficam. No Brasil, tantas destas frases são verdadeiras pérolas de imaginação, que enriquecem a língua portuguesa.
Um abraço,
Ricky

3:38 da tarde  
Blogger Luisa Hingá said...

Temos uma canção que diz:
Eram para aí sete picos, oito e coisa e nove tal... refere-se a horas e alguns minutos...
Ainda um dia hei-de ir a Africa....


ooops já fui a Marrocos e não só...
Beijinhos

5:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sempre que posso venho aqui... hj deixo-te um beijinho.
Bom fim de semana.

8:17 da tarde  
Blogger Henrique Santos said...

Luisa
É sempre bom ver-te aqui... obrigada, são para aí sete e picos, oito e coisa, nove etal...
Bjinhos
CRIS
Que bom saber que por aqui cirandas... obrigada, abraço ao Edmundo, para ti bjinhos

8:48 da tarde  
Blogger Isabel Filipe said...

eu não te tinha dito já que era fácil e que conseguias???

bom sábado

bj

2:13 da tarde  
Blogger Leonor said...

ola Ricky.

que maravilha os progressos que vais fazendo no teu blog. faz lembrar os meus passinhos...

a foto está formidável. e o texto idem na mesma data, rss

abraço da leonoreta

8:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vim retribuir a tua visita, e fiquei espantada, não te sabia ligado a terras de Moçambique.... Fiquei tb curiosa.....
Qt tempo lá viveste? qd vieste? etc..etc.. :)
Bjs

12:01 da tarde  
Blogger Português desiludido said...

Que excelentes "viagens" que nos proporcionas! Obr.
1Ãbr
Pedro

12:47 da tarde  
Blogger Cristina said...

olá...
sabes que nasci na Africa do Sul, e antes de voltar para Portugal os meus pais fizeram questão em levar a mim e á minha irmã ao Krugar Park, ainda hoje me lembro de tudo, foi realmente uma experiência inesquécivel
:)
tem uma óptima semana
beijinhu

3:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Carambas..... sai de casa, com o teu "post" na cabeça, uma sensação q ja tinha lido aquilo algures... acrescentado do nick "ricky"...
Voltei para casa e liguei logo o pc... Fui ao "bar......" e Bingo
Olaaaaaaaa, eu sou a "Teleri", mais um membro entre outros do "bar...", entre outras coisas. Afinal não é só o mundo real q é pequeno, o virtual tb...... :)
Bjs

5:33 da tarde  
Blogger mfc said...

Tenho medo de andar de avião,mas um dia abrirei uma excepção para ir ao Quénia fazer um safari fotográfico.
Gostei muito do conto.

8:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ricky, sumida, mas atenta, um beijinho , adorei! gosto , vou repetir, é bom te ler! ehehehehe
jinhos , tá ficando binito mesmo...

3:27 da manhã  
Blogger Henrique Santos said...

Cherry
Obrigada pela tua visita e pelo entusiasmo, que me incentiva...
Isabel
... pois... lá fui... bjinhos
Lianor, pela verdura...
Também eu ainda estou verdito... imagina só, logo eu que sou do Benfica... dando passos, vamos vêr se não caio...
MAR
... nasci em Moçambique, há... muitos anitos... adoro aquela terra e aquele povo... vim em 76.
Obrigada pela visita e pelo interesse... TELERI até no virtual o mundo é "piqueno"...
Pecaas
Um abraço Pedro...
nita4ever
Então podias ser protagonista da história... sabes bem que tudo ali é maravilhoso.... obrigada
mfc
Fui piloto de ppa's, isto é, em linguagem "brejeira" de papagaios, aeroplanozitos, e acho que não deves ter medo, e olha que o prémio que África te dá é muito grande! Obrigada pela visita...
Tareca
Bem sabes que a tua visita é sempre uma luz para mim... as tuas palavras ecoam e são um bálsamo...
bigada mesmo, Ricky

1:30 da tarde  
Blogger Poesia Portuguesa said...

Uma narrativa que nos leva para paisagens deslumbrantes... de força da natureza.

Grata pela partilha :)

12:21 da manhã  
Blogger Henrique Santos said...

Poesia Portuguesa
Obrigada por me teres feito companhia na viagem... Como eu gosto de poesia... obrigada
Ricky

2:22 da tarde  

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