De costas para o rio...

Quero questionar-me, questionando-vos. Adoro a Paz real, aquela que brota sorrisos... Quero cantar sentimentos, desafiar os olhares do coração... Quero contar consigo, na parceria desta viagem... Por isso não quero ir para o mar, quero procurar as razões que dão amor... e, dele fazer um canto louco de alegria...

Nome:
Localização: Barreiro, Setubal, Portugal

sou alguém que é feliz...

quinta-feira, agosto 31, 2006

CRONIQUETA DE FÉRIAS III


Foto do julgamento de caloiros pela Associação de Antigos Estudantes de Coimbra, Março de 1958 (foto do Vasco da Focarte, meu querido amigo) vêem-se ali o Pimentel a Susana, a Leonor e... mais não digo por não estar perceptível e... nada!


CRONIQUETA DE FÉRIAS III



Rumo ao sul, Figueira da Foz ...

Despedimo-nos de uns e fomos em busca de outros... Com as costas doridas (duas noites dormidas no chão, em colchões "eusébio", durante umas horas que sobravam, da madrugada barulhenta, conversada, "rida", e eu sei lá que mais...) lá embarcámos rumo ao sul. Na Figueira encontraríamos mais gente nossa, mais aventura, mais dormidas no chão (agora com colchões de ar - uma novidade para mim - bem bons...) mas sobretudo mais estórias, algumas bem lembradas, outras incontáveis a estranhos (eheheheh) sempre à volta de amores e desamores da adolescência, dos bailes da época, dos aniversários dançantes... das turmas de repetentes, dos profs, das partidas... Afinal ficámos perto da Figueira, e não na cidade pròpriamente dita, não deu praia, mas deu mariscada valente, carilada das antigas, de carangueijo e, arroz de camarão, a sério, com rissóis a condizer... ah! e umas conchitas à moda da Teresa (a dona da casa) que vou vos contar é de chorar por mais e... mais! Com pão frito (com alho) a acompanhar é um petisco soberbo. E, lá vieram as estórias, pela noite fora, com gargalhadas e olhinhos molhaditos, de saudades imensas, eternas, de sabor a pouco... Um dia o ´Carlitos (e mais não digo porque é super conhecido...) foi a um baile finalista da malta mais velha que nós, e saiu de lá entornado. Fomos para Princesa beber a bica da manhã, para acalmar desequilíbrios, e não é que o nosso amigo, sentado junto de nós, se levantava rápido, corria para os criados de bandeja cheia, para... bater por baixo... entornar tudo e ... rir, rir, rir, e nós estupefactos... Valeu-nos o "nome de família" do Carlitos para acalmar o gerente que àquela hora da manhã ainda se não tinha deitado e... estava com maus humores. A outra, publicável, foi a do Chico Pipas, velho conhecido, que também depois dum baile de finalista, muito encharcado, quando caminhávamos para a Princesa, para o tal café, resolveu "mijar". Onde? Queria fazê-lo na acácia bem no meio da 24 de Julho junto à Princesa, com toda a gente a vêr. O Guarda nocturno foi lá impedir e queria multá-lo por indecência e má figura. Acorremos em seu auxílio, conversámos com o guarda, explicámos que tínhamos vindo dum baile importante, que assim, que assado. Enquanto isso o Chico por detrás do guarda... zás, mijou-lhe uma perna. E ria descontrolado! O guarda sentiu quente... olhou e... foi tudo para a esquadra! Depois dos pedidos de desculpas e, depois do pagamento duma calças novas ao guarda a coisa serenou. Mas o Chico, não parava de rir, e só com muito labor o Chefe da esquadra (que era primo do meu pai) aceitou que ele não sabia o que fazia. Ambos negaram os factos depois quando sóbrios... vejam só! E, nós estivémos dois dias na casa da Teresita, lembrando terras e Gentes de Moçambique, sempre com a saudade do que não queremos esquecer.
Falta a última visita. Oeiras aí vamos nós!
Ricky

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sábado, agosto 19, 2006

Croniqueta de Férias II


Croniqueta de Férias II

Ai férias, férias...

Depois da "francesinha", refeição glutona e sensaborona, que não vou esquecer, fomos passear por Matosinhos onde programámos jantar, com o acrescento de mais dois amigos do nosso tempo. No jantar, peixe grelhado variado a gosto (e, bom!), com salteadas de marisco (outra novidade) e uns finos bem tiraditos, as conversas foram p'rás recordações de sempre.

Segredos? Pois...

Ai, ai, numa de desvendar segredos, contei a história de um dos presentes, quando no 2º ano do liceu pediu namoro pela primeira vez, no palco do salão do liceu, em ensaios para a festa, com as cortinas fechadas, mas de microfone ligado, que apanhou a declaração... para a sala toda ouvir... Se a figura do declarante já é de precaridade psicológica (as meninas eram mesmo difíceis...) imaginem com difusão "radiofónica"... hilariante. O sujeito deste filme, ali presente, ainda ficou vermelho, não sei se de raiva pela recordação, se pelo facto em si... A esposa ainda piorou a situação, porque não conhecia a história e desatou logo a querer saber quem tinha sido a rival... Coisas... Muito nos divertimos com a situação, e até as gentes simpáticas, de Matosinhos se riam com a nossa boa disposição. De uma outra vez, numa festa de aniversário, numa varanda uma outra declaração é feita, em grande estilo, com os pais da menina, num quarto com janelas abertas para a mesma varanda, a escutarem tudo e... a manifestarem a sua presença, no fim com salva de palmas numa desportiva, de tal forma que o casal... se formou, e estava ali no grupo! Namoricos salteados, e ao mesmo tempo, de miudas do liceu e da escola (comercial) e que davam encontros de primeiríssimo grau quando todos se lembravam de ir à mesma matinée de domingo à tarde... Um dos presentes era perito nisso, e uma vez foi apanhado no Scala pelas meninas e... ficou sem nenhuma, de castigo. Mas uma delas viria a ser sua mulher e ali estava, com um sorriso de vencedora, transportado durante quarenta e tal anos de matrimónio feliz... Há guerras que se ganham por bem... Também se contou a história, dum sujeitinho que dizia à boca cheia, que namorava com uma menina, sem ter formalizado a questão... e quando ela se abespinhou e se lhe dirigiu perguntando como era(?), respondeu pacatamente, mas afinal queres ou não queres? Pois, foi a minha vez de entrar na berlinda... Esse namoro não deu resultado. mas marcou, marcou... Coisas que acontecem... Lembrámos uma aventura duma viagem de excursão à Ponta do Ouro, com regresso atribulado, pois o nosso autocarro, o último da fila avariou... e chegámos a Lourenço Marques com seis horas de atrazo... inesquecível, pelo encanto da liberdade inesperada. É preciso assinalar que estávamos nos anos cinquenta! (1958).

Pela marginal, depois dum doce d'avó delicioso, dum whiskito bom, um "cimbalinno" a matar, "à carago" a gente até estava beim demais... Dormir? Não havia camas para todos na casa dos nossos amigos pelo que se dividiram as mulheres e os homens e... mantas e colchões no chão... mas conversa até o sol raiar... Como é bonito o nascer do sol no "Puorto" mas o nosso é "maningue " melhor... juro xicuembo tchanhaca... Acordámos para lanchar e prepararmo-nos para mais uma aventura por essa terras lusas, com fogos e fumos por tudo o que é lado. Queríamos ir ao Minho, aquela maravilhosa reserva natural do Geres, mas estava a arder... Descemos pela costa, rumo à Figeira da Foz, ali tínhamos outr casal a visitar, e outras histórias para contar... Estou como o Gosciny/Uderzo, só com uma diferença: "... estes moçambicanos são loucos"...

(continua)

sexta-feira, agosto 18, 2006

CRONIQUETA DE FÉRIAS


CRONIQUETA DE FÉRIAS
Iª parte
Realidade ou ficção?

I - Introdução
É sabido que todos proclamam: férias são férias! Mesmo para os “pensionistas”, pois claro! Também têm direito… Antes de partir ainda li na net uma pergunta: “… pensionista tem férias?” Já não respondi, apesar de terem sido formuladas por duas senhoras, que muito respeito… Uma Condessa e uma “Cila”, para os amigos, claro! Pensionista tem rotinas, como qualquer um, e é delas que tenta livrar-se, quando faz solenemente a proclamação de: férias! Todavia, uma coisa é a vontade, outra a realidade deste mundo louco, que nos rodeia…
II – Enfim, Férias…
Fui por aí fora, ver o país a arder, e por entre dois fogos, entretinha-me a ver a guerra no médio oriente… que por pouco já não é médio, é pouco oriente… de facto para quem quer férias, é deveras gratificante. Valeu-me a companhia, que me absorveu muita atenção, salvando-me da catástrofe anunciada. Depois, um grupo se formou e lá fomos tentando passar ao lado da realidade, deste mundo louco… louco! Lá fora na estrada, íamos verificando a razão, porque se morre tanto nas nossas estradas, como no Iraque, ou na tal guerra privada… É cada bomba! Perante a doce contemplação, deste bonito país à beira mar plantado, conservávamos um humor retardado, de jornadas de outrora, noutros campos, noutras terras, lá pelo oceano Índico, onde os grãos de areia da praia, em vez de picarem o corpo, adoçam a pele num aconchego aveludado de cumplicidade amorosa.
Eram histórias de factos reais, ou simplesmente ficcionados para suportarem a saudade, e… para isso, qualquer vislumbre de lembrança ténue, servia de base à imaginação, ou ao encontro e mistura de acontecimentos, e … lá se ouvia…” eh pá isso foi noutra altura, se bem me lembro… (oh saudoso Vitorino Nemésio…) “.
O fascínio que África exerce sobre quem lá viveu, é real e duradoiro. Então para quem lá nasceu, cresceu, brincou, estudou, namorou, casou, foi pai… a tampa da memória quase rebenta, na tentativa de voltarmos a reviver coisas tão marcantes… Os componentes do grupo eram todos nascidos naquelas terras, contemporâneos, com vivências comuns na adolescência e como adultos, e por isso foi fácil rebuscar, aquele ar de felicidade de quem tem no baú da memória vivida, um tesoiro bem robusto…Visitámos feiras, praias, andámos pelas ruas deste país, procurámos ementas regionais, pouco recomendáveis a fígados sensíveis, mas de grande teor cultural, bem entendido…
Lá “comi” a minha primeira francesinha, com direito a festim regional, “à moda do porto e tudo”, ali para os lados da Gaia, onde ouvi a expressão que me deliciou, dum da outra margem: “ Mais vale uma rua do Puorto, c’a Gaia toda carago…”(Continua)